Os homens e os minetes

Escrevo esta crónica em plena época natalícia, numa altura em que os homens, coitados, na sua pequenez de vista, acham que nós queremos receber jóias, um casaquito do Cavalli, um fim-de-semana numa linda pousada, um microondas para enfiarmos a cabeça lá dentro, etc., etc.

Nem estão enganados, os pobres. O que nós queríamos mesmo era homens que soubessem fazer um minete “comme il faut”. Eu explico. Estas almas penadas vieram ao mundo com um gene que lhes meteu na cabeça que fazer um bom minete é um dado adquirido. Pois aqui vai uma notícia: não é! E o mais giro é que, perguntando aos desgraçados dos meus amigos, “ex” e afins (o leque é grande e a probabilidade de acertar quase igual à da EuroSondagem), todos acham que fazem “o” minete. Extraordinário!

Mas alguém se lembrou de perguntar às respectivas? Não. E todos continuam convencidos que são os “maiores” nesta lide particular. Burros! Ora, da mesma forma que nós – grandes falsas – esperneamos, dizemos “ahhh! Sim! Huuuuuuum!” e nos mexemos à “Canal 18” para fingir um orgasmo durante o acto, o mesmo fazemos quando nos estão a meter a cara entre as pernas.

Assumindo uma posição tipo “Dra. Ruth” – é o que me chama, no gozo, a minha editora –, arrisco dizer que 80 por cento dos homens fazem minetes como os São Bernardo lambem as vítimas perdidas na neve. Lambem, lambem… sem saber porquê e onde. E nós fazemos o nosso papel, para os pobres coitados não ficarem cheios de complexos (de vez em quando, algumas ganham coragem e dizem “querido, não te importas de fazer assim ou assado, mas ainda é raro).

Depois, há cerca de dez por cento que tem jeito para a coisa: um potencial elevado para um “minete-colibri” – bate as asinhas e “truca!”, acerta no alvo sem grandes lambidelas ou aparato. E, finalmente, vêm os abençoados, que já foram como os anteriores mas entretanto leram livros da especialidade e fazem os “minetes de oiro”. São os “meninos de oiro” – coisa rara nos dias que correm.

E mais uma vez os caracteres lixam-me a prosa – não as ideias. Mas não é por isso que ficam os senhores leitores sem ideia para uma prenda jeitosa para o Natal, daquelas que, uma vez aprendida, é só dar.

7anosdemausexo@oindependente.pt


Crónica “Sete Anos de Mau Sexo” de Ana Anes no jornal “O Independente”

Comentários

Mensagens populares