Descobertas
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«Comme d’habitude I
1.
Quando entro, olhas-me e sorris; aproximo-me devagar, antecipando o conforto do teu beijo, a familiaridade do teu cheiro, a carícia do teu toque. Cumprimos este ritual (desde quando? Como começou, afinal? Não me lembro) conscientes de que o abraço representa, talvez, o momento de maior intimidade, de maior partilha, de maior comunicação entre nós: o momento diário que simultaneamente redefine e rejuvenesce a nossa relação. Mas esta carga simbólica (poética?) não nos inibe, não nos constrange: precisamos do abraço, do que significa; e a cada dia, saboreamo-lo como se fosse a primeira vez, a última vez; a única vez.
Estamos juntos, finalmente: e os nossos corpos aconchegam-se, unem-se. Respiro o teu cheiro enquanto sinto a força dos teus braços, a tensão dos teus músculos; o teu rosto acomoda-se ao meu pescoço e encaixa com perfeição enquanto a minha mão acaricia o teu cabelo com delicadeza. E as nossas respirações serenam em sincronia enquanto o conforto que sentimos e partilhamos atrasa momentaneamente a voraz passagem do tempo. Ou, pelo menos, parece que assim é.
Pergunto-me, como sempre, se ainda sorrirás; que expressão terá o teu rosto? E os olhos: estarão abertos ou fechados? Não sei, talvez não queira verdadeiramente saber; afinal, é irrelevante.»
Paulo Kellerman, escritor
«Comme d’habitude I
1.
Quando entro, olhas-me e sorris; aproximo-me devagar, antecipando o conforto do teu beijo, a familiaridade do teu cheiro, a carícia do teu toque. Cumprimos este ritual (desde quando? Como começou, afinal? Não me lembro) conscientes de que o abraço representa, talvez, o momento de maior intimidade, de maior partilha, de maior comunicação entre nós: o momento diário que simultaneamente redefine e rejuvenesce a nossa relação. Mas esta carga simbólica (poética?) não nos inibe, não nos constrange: precisamos do abraço, do que significa; e a cada dia, saboreamo-lo como se fosse a primeira vez, a última vez; a única vez.
Estamos juntos, finalmente: e os nossos corpos aconchegam-se, unem-se. Respiro o teu cheiro enquanto sinto a força dos teus braços, a tensão dos teus músculos; o teu rosto acomoda-se ao meu pescoço e encaixa com perfeição enquanto a minha mão acaricia o teu cabelo com delicadeza. E as nossas respirações serenam em sincronia enquanto o conforto que sentimos e partilhamos atrasa momentaneamente a voraz passagem do tempo. Ou, pelo menos, parece que assim é.
Pergunto-me, como sempre, se ainda sorrirás; que expressão terá o teu rosto? E os olhos: estarão abertos ou fechados? Não sei, talvez não queira verdadeiramente saber; afinal, é irrelevante.»
Paulo Kellerman, escritor
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