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Chovia mesmo sendo um dia de Verão. Como se o estado do tempo percebesse o quanto choravam as almas. As duas. Sem excepção, sem a mínima diferença, tal e qual como gémeas afastadas durante um longo período de tempo. Seria o reencontro. O voltar ao lugar onde afinal a felicidade tinha ficado suspensa, à espera, da volta após aquela partida. Os seus olhos pediam um abraço, rápido, intenso, como só aqueles braços conheciam o seu corpo, estreito mas torneado de formas generosas. Aquele olhar pedia algo mais. Talvez um beijo, terno, cheio de tudo, simples, tão familiar e ao mesmo tempo pleno em desejo. Ou talvez não precisasse de nada disto. Somente o seu cheiro tão característico, a sua presença física. Contempla-lo. Seria suficiente? A saudade tem as suas razões escondidas. As vontades sonhadas mas tão reais. E neste dia, hoje, ele não voltou mais.
Comentários
Tenho o sonho deles mas não preciso de asas. Voo com as palavras. Vou com as palavras.
(...)
Mas prossigo escrevendo, com amor.
Qualquer palerma sabe, mesmo não sendo escritor, que sempre é melhor ter amor que ter dinheiro. Sem que uma coisa, necessariamente, deva impedir a outra."
Joaquim Pessoa, in "Guardar o Fogo".