FC Famalicão e o futuro

Pensei bastante nos prós e contras de escrever este texto e torná-lo público, mas depois fiquei-me por aquilo que tão simplesmente me torna alguém preocupado com o assunto. Que é tão só como um número num cartão de associado (o 1470 antes da renumeração anunciada), a tristeza pelas derrotas e a alegria nas vitórias do FC Famalicão. Para além do sentimento pelo clube e do bairrismo de apoiarmos o clube da nossa terra, não sou amigo ou sequer conhecido de qualquer dirigente ou acionista, nem tenho relações mais ou menos próximas com qualquer um dos eventuais interessados no tema. Sou tão simplesmente um sócio/adepto do FC Famalicão que pensa nos assuntos e que tem uma opinião sobre eles, seja mais ou menos fundamentada e/ou correta/incorreta. É a minha opinião livre.

 

Feito o ponto prévio, gostaria que pensassem um pouco sobre o futuro do clube. Obviamente que muitos dos clubes da Primeira Liga aceitariam trocar a sua posição pela nossa, em termos de crescimento, afirmação e posicionamento no futebol português, mas a verdade é que chegamos a um aparente ponto de estagnação. Em termos de resultados desportivos, entenda-se. Temos terminado as épocas sempre na parte superior da classificação, mas continua a faltar o tão prometido apuramento europeu. O futebol jogado já foi bastante mais apelativo, o tal com foco no jogo e no jogador, e a estabilidade no treinador escolhido para a equipa tem deixado bastante a desejar. Só na época de subida conseguimos ter o mesmo treinador durante toda a época desportiva. De certeza que o quinto maior orçamento do futebol português conseguiria encontrar um treinador com capacidade, e condições, para ter a possibilidade de conduzir um projeto, e preparar uma equipa, na totalidade de uma época desportiva. A única questão em que todos concordaremos, de forma unânime, é que o projeto desportivo tem sido um completo sucesso no plano financeiro. Não preciso estar agora a explicar os motivos ou o porquê. 

 

Nesse tal futuro do clube existe algo que todos também concordaremos que é fundamental para continuarmos a crescer, a ter mais êxitos e a melhorar as questões que têm corrido menos bem ou que estão a demorar mais tempo a alcançar. Falo da SAD, a forma como está organizada e os elementos que compõem a parte executiva. E se no final desta época desportiva recebermos a notícia de que a SAD do FC Famalicão terá outro dono, novos acionistas, novos homens fortes para gerir o futebol profissional do clube? Não tendo essa informação, nem me terem segredado ao ouvido qualquer novidade sobre esta questão, diria que pairam no ar alguns sinais de que isso não seja assim tão descabido de acontecer. Os sinais são estes:

 

· A questão do estádio. Um assunto muito falado desde a primeira época na Primeira Liga, algo estrutural fundamental para o passo europeu do FC Famalicão e que nos últimos meses virou tema tabu. Pior do que isso, um silêncio sobre o assunto que faz temer as próximas novidades. Em agosto, o presidente da SAD, Miguel Ribeiro, foi bastante duro nas palavras e equacionava todas as hipóteses, incluindo jogar fora do concelho de Famalicão. Inclusive definiu como deadline para apresentação de uma solução o final do ano de 2024. É certo que desde agosto de 2024 até fevereiro de 2025 não existiu uma única palavra, um posicionamento da SAD sobre este assunto. Deixou de ser importante para o projeto?

 

· O plano desportivo. Em dezembro foi despedido Armando Evangelista quando a equipa ocupava o 7.º lugar da tabela classificativa porque tal não se enquadrava nos objetivos propostos para a presente época. Entrou um novo treinador e no final da última jornada o clube estava no 12.º lugar da classificação. E faz parecer que o nível de exigência deixou de ser importante. No futebol praticado, nos resultados, na classificação, nos objetivos. Não sendo apologista do despedimento de treinadores por dá cá aquela palha, das trocas constantes, a verdade é que já os vi serem despedidos por menos e em menos tempo. A exigência baixou?

 

· As entradas e saídas de jogadores. Parece que começámos a vender jogadores quase que como desespero, mesmo não existindo, pelo menos no plano financeiro. Ver Francisco Moura sair em cima do final do fecho do mercado, o capitão da equipa vendido no mercado de janeiro e uma peça fundamental do meio-campo, Zaydou (pelo que se dizia um dos ativos mais importantes do clube), por valores abaixo do que já começava a ser normal, não se consegue perceber. Depois, no plano das contratações, e no mercado de janeiro em concreto, estávamos mais habituados a retoques no plantel com jogadores de outro estatuto. Já para não falar nos jogadores com a marca FC Famalicão, que vinham das bases ou dos sub-23 até ao plantel principal. Temos um apenas neste momento: Gustavo Sá. Pablo e Afonso Rodrigues foram emprestados sem terem a real possibilidade de mostrar serviço (nunca foram apostas consistentes), outros que prometiam não chegaram à equipa principal, por serem vendidos ou ainda não terem tido espaço. A equipa com a marca FC Famalicão não tem mais lugar no clube?

 

· O proprietário da SAD. Em diversas ocasiões vimos notícias e fotografias a relatarem a presença do proprietário da SAD em Famalicão para ver os jogos da equipa. Não me lembro de quando foi a última vez que veio assistir a um jogo do clube (provavelmente até tem vindo assistir a muitos), mas não acredito que se tivesse acontecido isso não tivesse sido noticiado. Pelo próprio clube até. Será que o proprietário da SAD deixou de gostar de Famalicão?

 

Todos estes sinais demonstram algum desinteresse por parte de quem dirige a SAD do FC Famalicão. E esse aparente desinteresse, que se traduz sobretudo num silêncio que envolve o clube, pode levar a que um destes dias as notícias possam surpreender muitos dos sócios e simpatizantes do clube. Repito o que escrevi acima. Continuo a acreditar que quem detém a SAD e dirige o clube neste momento tem todo um caminho pela frente. Ainda faltam muitos objetivos para concretizar. E assim o espero, sem desistências a meio.

 

A minha pergunta final é: o que é que os adeptos e simpatizantes do FC Famalicão podem fazer em relação a isso? Diria que nada pode ser feito porque efetivamente não podemos fazer muita coisa no que à SAD diz respeito. O nosso único e possível contributo é manter o sentimento pelo clube bem vivo. Apoiar a equipa, vibrar nas vitórias, exigir reações e mais empenho nas derrotas. 

 


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